quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Esù, Njila - Pambu Njila

Todos estão cansados de saber que foi devido à busca incessante dos portugueses em converter os negros para a sua religião, que houve a associação da energia Esù ou Njila com o demônio, mas tarde o surgimento das imagens umbandistas ajudaram a ratificar essa impressão errônea que se tem de um dos Orixás/Minkisi mais importantes do culto afro-brasileiro.

imagem de exús de umbanda

Então o que seria realmente Esù/Njila?

Pambu Njila é o agente de união ou ligação entre o espaço palpável [físico] e o espaço intocável [místico]. É a ponte que liga os seres humanos aos Minkisi.

Não completamente mau ou completamente bom, é o mensageiro que desempenha seus papéis e funções no espaço destinado ao culto. Aluvaiá [Pambu Njila] é dentre o panteão africano de Deidades o que mais se aproxima e se identifica com o próprio homem, sem, no entanto, colocá-lo distante do elenco místico.
É aquele que inicia o ciclo patronal dos Minkisi, dono e senhor das entradas e encruzilhadas, guardião dos portões e passagens das casas, cidades e pessoas, sempre alertando e avisando e protegendo. É o Senhor dos Caminhos, da comunicação e como a mesma, se mal utilizada é perigoso. É aquele que come tudo que a boca come... Compartilha com os seres humanos dos seus defeitos e de todas as qualidades. Esù é o senhor do mercado e de todas as trocas. Enquanto Bamburucema [Oyá] é responsável pela libido, Esù regência o próprio ato sexual.
É o responsável direto pela ordem do barracão. A ele devemos saudar e pedir a segurança do portão, para o bom andamento do Jamberessú [siré]. O primeiro a ser reverenciado, com um ritual que muitos chamam erroneamente de Despachar exu.

Vejamos o que significa o termo Despachar:
Significado de despachar
v.t. Resolver; deferir ou indeferir.
Enviar, expedir: despachar mercadorias.
Bras. Mandar embora, despedir: despachou a empregada.
Fig. e Pop. Matar: despachou o desafeto.
Fonte: http://www.dicio.com.br/despachar/

Se o intuito do ritual é de chamar [veja bem, chamar e não expulsar] Esù para que ele proteja o portão do terreiro para que o Jamberessú ocorra em paz, por que então se usa o termo despachar? Em uma resposta clara e rápida digo que é devido ao habito que se criou em achar que ele é o demônio, assim este termo foi agregado ao candomblé de fora para dentro, e hoje, infelizmente, muitos adeptos usam!

Essa energia, classificada como Pambu Njila, Mavile, Aluvaiá, etc., funciona como um elo e é o limite entre o astral e o material. As suas cores – o preto e o vermelho – afirmam alguns autores, significam: o preto, em quase toda teologia o desconhecido; o vermelho é a cor mais quente, a forte iluminação, o oposto da escuridão do preto. Esta imensurável contradição, somada ao poder que lhe é conferido para comunicar e ligar lhe dá também a possibilidade de fazer o oposto, ou seja, de desligar e comprometer qualquer comunicação, de construir ou destruir.

Laroye! Esù
Kiuá Luvaiá Ngananzila Kiuá (Viva Aluvaiá, Senhor dos Caminhos)

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